O Atendimento Fonoaudiológico do Lugar de Vida fundamenta-se na Clínica de Linguagem, uma abordagem alternativa à clínica fonoaudiológica tradicional. O trabalho é destinado a toda e qualquer criança que apresente impasses no processo de aquisição de linguagem. Estes impasses podem se manifestar de várias maneiras: por meio de ausência da fala, de ecolalias, de falas de difícil compreensão, de hesitações persistentes para falar, de substituições ou omissões de sílabas ou sons, de impossibilidades de escutar a palavra do outro, de dificuldades nos processos de aquisição da leitura e da escrita, e ainda, de entraves no estabelecimento do laço social com outras crianças e/ou adultos.
A Clínica de Linguagem opera visando não somente que a criança fale, mas que ela seja capaz de dialogar com o outro, escutando-o e escutando-se ao dizer, de sustentar um discurso e de brincar de modo simbólico e imaginário. Acredita-se que ter um aparelho fonador intacto é insuficiente para falar, pois é preciso que a criança se submeta às leis de funcionamento da linguagem, leis que sustentam o discurso de todo falante. Desta forma, a partir de uma avaliação que circunscreve a posição da criança em relação à fala do outro, à língua e à própria fala, traça-se um projeto terapêutico singular, que visa, por meio de intervenções de natureza linguística, afetar a fala/escuta da criança e promover mudanças na sua condição de falante.
A Clínica do Lugar de Vida oferece avaliação de linguagem bem como o atendimento individual ou em grupo, de acordo com o projeto terapêutico.
O Atendimento Fonoaudiológico considera os seguintes princípios:
- que a aquisição de linguagem não é um processo natural, mas adquirido a partir da relação entre a fala/escrita da criança e a fala/escrita do outro;
- que a linguagem não pode ser ensinada, mas pode ser transmitida por meio de interpretações de natureza linguística que afetem a posição de falante, de ouvinte e de leitor-escritor da criança;
- que adquirir linguagem não se encerra em produzir uma fala/escrita correta – trata-se de caminhar no sentido de a) ser afetado pelo dizer do outro; b) poder falar ao outro; c) deixar-se afetar pelo que diz.